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quinta-feira, 24 de julho de 2014

E AGORA DRUMMOND?






Ausência.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta de ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada aos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Drummond,
sua verve posso não ter.
Muita pretensão minha.
Sinto sua ausência por não mais escrever.
Por vezes me sinto um JOSÉ,
se tudo me falta, tu também me faz falta, aos seus versos lê.
Com esta fisionomia de calmo viver e por tantas linhas escrever.
Itabira do Mato de Dentro, de rebentos e obra poética de imensurável valor.
Levado por contos, ensaios e até cegos em braile chegou.
Drummond e aquele avô por se querer ter.
Lord conselheiro em rumo do meu travesseiro, estava dormindo e não pude ouvir.
Homem de fardos poemas, vernáculos por navegar.
Sua ausência é para se sentir.
Desprezar sua ausência é disseminar a metástase e a poesia adoecer.
Sinto não mais poder lhe resgatar.
Fica uma boa lembrança e nobre exemplo deste mineiro de travessuras mornas fazer.
Velho bom esse Drummond !

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